A minha doença mental é tudo que é aversão ao artificial. Flores de plástico me enojam Sentimentos de plástico também. Junto com tudo isso, a fata de liberdade, os medos, as cobranças... estas últimas, ao menos administro com alguma precisão, já que, pelo menos do meu ponto de vista, são necessárias. O que eu não gosto, é da extrema artificialidade que se esconde nas pessoas. Até o meu tresvariar é original, por que eu deveria aceitar menos que isso dos demais.
Mas - e com certo rancor, eu percebo - vejo que lá dentro, bem no fundo da minha consciência, eu também sou artificial. Moldado, pronto pra vida. Fazer o quê? Darwin quis que eu vencesse assim.
Todo mundo precisa de liberdade, pra ser e fazer o que quiser: uma vez por ano, ou uma vez na vida. No meu caso, queria mesmo era voltar à infância, perder boas e ricas horas no exercício do fazer nada. Crescer em meio à total liberdade, concordando apenas com os limites do corpo.
Mas já cresci, estou velho. Acho que tais ambições percorrem os corredores da minha mente - esperando loucas pra sair.
Molhando os pés na água do riacho.
Soltando as sementes do capim no campo.
Sentindo o vento quente dos montes no rosto.
Tudo é sempre tão prosapoética (com o perdão do neologismo). Mas existe em mim, e talvez - quase certo - morra comigo: o último dos homens que se atreveu a sonhar a infância já vivida.
Silvio.
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