Procrastinar



Se você é como a imensa maioria das pessoas normais, é bem provável que a palavra procrastinar não faça parte do seu vocabulário. Nem tem como fazer. É um termo técnico, utilizado pelos psicólogos e alguns psiquiatras de bom tom para indicar que o paciente tem... digamos, a mania de deixar tudo pra depois. Pois é... procrastinar é justamente isso: deixar coisas importantes pra última hora, quando nem sempre é possível conseguir realizar muitas delas.

Decidi postar algo sobre isso porque é um problema. Pior. É um problema cultural do brasileiro. Claro, não quero dizer que todos os brasileiros são doentes, pelo menos não segundo afirmam alguns especialistas, mas a fama de que brasileiro deixa tudo pra última hora mascara uma questão muito séria.

Pra encurtar a história, basta dizer que a nossa vida depende de equilíbrio. Esse equilíbrio é mantido diariamente, dentre outras formas, cuidando de se fazer as coisas que normalmente fazemos, mantendo nossa rotina. Isso indica que levamos a nossa vida dentro de um padrão de estabilidade desejável – a base do equilíbrio geral. Entretanto, quando algo não vai bem, quando sentimos ansiedade por conta de alguma coisa, passamos por decepções, problemas ou mesmo quando nosso sentimento de bem-estar foge ao padrão diário, voilá: temos a tendência a procrastinar.

Até aí tudo bem. Adiar um servicinho chato, deixar de comparecer, ou adiar um compromisso que não nos agrada, faltar um dia ao trabalho, todos esses sintomas são perfeitamente compreensíveis se ocorrem uma vez ou outra, se fazem parte de uma desviada do caminho certo por um motivo ou outro – faz parte do nosso equilíbrio se desequilibrar também. No entanto, quando fazemos deste pequeno hábito uma rotina, acende-se o sinal vermelho. Isso indica que alguma coisa precisa ser feita, senão é certo que o cristão perde de vez o rumo da vida e pra recuperá-lo tem-se que geralmente gastar muito tempo e pedir muitas desculpas – isso quando ainda dá pra fazê-lo.

Procrastinar é um habito que se adquire quando não se tem uma saúde psicológica sólida ou ainda quando a gente projeta-se demais no entorno de questões que não estão em todo ao nosso alcance. Nesse caso, nosso corpo entende que uma das portas de saída para a ansiedade em excesso, claro, é sempre o prolongamento das coisas que são boas, que nos dão a falsa idéia de prazer, de tranqüilidade. Contudo, quando damos conta do que realmente importa, veremos que, ao procrastinar, deixamos de lado situações vitais, muitas vezes, com conseqüências irreversíveis e, na melhor das hipóteses, tendo como bojo pessoal a fama de preguiçoso.

Analise-se com a necessária auto-crítica: se você sempre troca um compromisso importante por uma hora a mais de sono, digamos, uma ou duas vezes por ano, isso é perfeitamente normal, agora se você adia um compromisso pra assegurar essa mesma hora de sono todas as vezes que pode, é bom pensar se esse habito não aparece mais na sua vida como uma porta de escape aberta demais. Em caso afirmativo, você precisa corrigir esse problema para reencontrar o fio da meada e seguir adiante.

É isso, amigos, quando nos descobrimos procrastinadores a única maneira de nos livrarmos desse problema é o embate: esquecer a idéia de que se obtém prazer apenas por meio de situações intimas, ou ainda de exagerado egocentrismo. O reencontro do equilíbrio depende da força de vontade de procurá-lo, de vencer a cada dia o desejo de auto condescendência , trabalhando-se assim o caráter para as armadilhas do procrastinar.  Dessa maneira, aos poucos é provável que as coisas voltem a ser como eram antes, quando os dias faziam sentido.

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