“Tu és responsável por aquilo que conquistas”



Depois que a célebre raposinha criada por Antoine de Saint Exupéry proferiu estas palavras,  basta pesquisar o termo no Google e qualquer um verá o quão essas sete palavrinhas já fazem parte do cotidiano de muita gente. Infelizmente, ainda que proferidas com assiduidade, pouco se faz por efetivar o real significado da quase prece do francês.

Exupéry nos falava de amizade. Do momento em que o Pequeno Príncipe (inominado justamente para que cada um pudesse ver pelos olhos dele) se encontra com a raposa, a qual assustada reage à sua aproximação, até seu final pouco convencional pra uma obra que se propunha infantil, ela nos mostra a principal regra da incrível arte de conquistar amigos: cativar. Apesar ser de simples tal idéia, a prática não permite a mesma concepção a todos, pois, cativar, muitas vezes demanda abrir mão do seu próprio espaço em prol do outro, conhecer sem julgar e, por vezes, ajudar sem saber o porquê. Claro, cativar é algo que se aprende, se adquire dia após dia, na convivência, na materialização das vontades, no reconhecimento do outro e na sua compreensão gratuita (o que buscamos na vida, senão compreensão?).

 O Pequeno Príncipe nos mostra o valor que as palavras têm, mas remete ao seu completo vazio, quando não associadas a gestos. Quantas vezes não vemos o nosso irmão, o nosso amigo em apuros, em confusão espiritual, e nos fazemos cegos para a sua situação? Falar, apenas, não implica em convencer. O exemplo arrasta, como diria o provérbio.

Cativar, pois, mais que conhecer, é também inspirar. Quando se é inspirado, cativa-se mais fácil, mas a inspiração somente pode vir da paixão. Eu busco, todos os dias, me apaixonar pela vida, pelos outros, me ver nos outros. Acho que todos deveriam se reconhecer nestes princípios. Mesmo os nossos inimigos encontram em nós uma motivação. Por que não podemos nós mesmos lançar mão de tal força de vontade para nossa auto-construção?

Cativa, amigo. Não te iludas com o bem que teu ego te mostra agora, pois logo, logo há de vir outro que te mostrará ser inferior – restam-te os amigos com quem chorar as mágoas e preparar-se para o próximo passo. Conceda um instante seu  a alguém.  Abra essa concessão todos os dias e não demora até que terá um monte de amigos do teu lado. Cativa, principalmente quando perder a fé nas pessoas, haja vista que é no momento de descrença que elas mais precisam da tua capacidade de acreditar. Eu já o fiz hoje. E você, a quantos cativou também?


Sílvio
(silvio.superboy@gmail.com)

O Pequeno Principe Ilustrado - Antoine de Saint-Exupery (1)

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