Diário de Bordo

Coisas normais banalidades, curiosidades e o meu dia-dia desnudo nesse espaço. Como um bom diáio de bordo, começa com o primeiro dia de sua abertura e segue enquanto durar a viagem. Todas as pessoas de quem gosto, e até algumas de quem eu não gosto, serão alvo das minhas publicações nesse segmento do nobre blog 19/2001. Me desejem sorte.

Dia 20 - Retornando



O bom mesmo quando a gente se afasta do nosso cotidiano é ver como as coisas mudam, e mudando elas nos completam. Como aquilo que a gente entendia como uma realidade conflitante, enfraquecedora, com um pouco de cuidado nas tintas, de repente surge como algo que agora é bom e desejável. As férias meio que servem pra isso, pra gente fugir um pouco do "sempre" e ir um pouco ao "às vezes". Eu acho que não suportaria uma vida de férias. Acho difícil que alguém pense de maneira diferente. O retornar, por sua vez, pode ser um paradoxo a ser enfrentado. Voltar pra o mesmo, ou revisitar o mesmo? Depende mais de como a gente encara do que como as coisas realmente são. Os trinta dias se vão, seguem ainda os outros 335 pra eu ser feliz da melhor maneira possível. Se for possível.

Dia 19 - Férias



Sim! Elas demoraram, mas chegaram. Ah, as férias! Mais um período pra desopilar, esquecer os problemas e recarregar as baterias para os novos desafios que virão... com 2016. Provavelmente outro ano de chumbo pra todos nós, que vivemos na República das Bananas! Sem colocações poéticas, eufemismos, ou qualquer outra forma de maneirismo. Nestas férias, quero apenas ser. Ser o que? O que vier. Aguardem.

Dia 18 - Retornos



Tédio. Medo. Cansaço. Tudo isso nos afasta de maneira muito forte das coisas que importam. Eu não sei vocês, mas todo dia, quando abro os olhos, o que vejo são pessoas pessimistas se afundando no próprio sentimento baixo. Eu já fui uma delas também. Acho que é tempo de mudar, de transformar-se, de ver as coias sob outra perspectiva. Os desafios seguirão, continuarão a vir. Vou acertar, vou errar, eventualmente vou me arrepender. Mas, como toda nova construção, um retorno requer sempre mais e mais sacrifícios. A situação ruim eu já tenho, o que vier, se vier, será lucro.

Dia 17 - Escuros



A medida de todo homem é o espaço de si próprio. Todo corpo encerra uma alma desconhecida, que vive dopada na loucura da consciência, e liberta-se tão-somente na condicional do sono. Viver é estar preso, e quando se morre, tem-se dimensão do real tamanho de você mesmo. Explode-se em espaços que desafiam a física e por vezes, de tão maravilhoso, tem-se a impressão de sono, leve torpor daqueles que já não temem o tempo. Somos todos energia, mas da mais sutil e rara forma: energia de vida. Ser vivo pode significar muita coisa, e, provavelmente, não se limita ao mero respirar. Quanto mais caem os dias, mais descortinam-se novos horizontes que assoviam de longe com os ventos do porvir. Fecho meus olhos e espero essa força que vem, incessante e intensa, e que me joga, inteiro, no próximo capítulo de mim.

Dia 16 - O amor é um campo onde não se cavalga livre


Todo dia, ao acordar a gente percebe que está tudo em ordem dentro da gente. Até vir o primeiro pensamento. E correr pra longe não adianta. Como esvaziar-se de si mesmo? A gente vive preso às pessoas que gostamos. E elas nos arrastam pra longe... e fica o coração queimando. Mas só quando gostamos de verdade. O amor é um campo, é um tempo que passa devagar, embora todos os anseios demandem sua pressa. Todo amor de verdade maltrata e machuca, especialmente as pernas, porque o amor é feito de distâncias, e precisa estar recolhido em si mesmo. Nunca cruze seu amor em linha reta!

Dia 15 - À toda prova



Eu meio que ainda posso ouvir e lembrar do tempo em que sua voz era alta e forte como um trovão. Eu conseguiria ouvi-la por através da chuva, sim! Por dentro de qualquer temporal. Vejo aqueles tempos, e lembro que não havia distância que seu olhar de águia não me alcançasse. Já houve um tempo - acredite - em que eu era capaz de ouvir sua voz atrás das minhas paredes, sob meu cobertor.

Mas, veja que cinzas se aproximam... e que elas me turvam minha vista. Meus fones já abafam tua voz, e eu me esforço para ouvi-la. Estou ficando fraco. Sinto que estou caindo, perdido e sem o seu som pra me guiar. Quando o dia amanhecer, que serão das nossas vidas? Que estradas terei pela frente, sem ouvir você, sem ter, à mão, o nosso tempo?

Dia 14 - Felicidade


Felicidade bem pode ser o tênue desenho de um fio ao vento, pendurado numa árvore qualquer.

"E o que é felicidade, meu amor?" Jobim se fazia esta pergunta... e até hoje ninguém conseguiu dizer, de fato o que seja. Eu cá pra mim, basta registrar, se não estou feliz, não estou infeliz, também. Acho que felicidade é aquele cavalo passando na estrada, incólume, sem pressa... seguindo a vida e esperando o que dela pode sair de bom. Hoje, graças a uma infinidade de coisas, posso dizer que estou menos infeliz. Neste dia memorável, juntam-se a resignação, a compreensão do esforço, o peso da responsabilidade e, no fim, tudo aponta ao mistério que é, não ser infeliz, não sendo feliz. Felicidade não sei o que é, mas, confesso, cada dia que passa, fico mais ignorante em infelicidade....


Dia 13 - Sem rumo



Curioso é que o 13 era meu número de sorte. O que agente faz quando não tem mais vontade de nada? Quando nem dinheiro te motiva a alguma coisa? Dias ensolarados não são mais tão alegres quanto o eram antes... de quê? Não sei. Acho que quebrei alguma coisa dentro de mim, porque, de alguma forma, não vejo mais o mundo como o via antes. Paranoia? depressão? Não sei. Me parece que tudo está desarranjado. Sejamos práticos, então. Status? Definindo prioridades e salvando apenas o que puder. Sem heroísmos, sem sacrifícios inúteis.

Dia 12 - O amigo




Ele chega geralmente a noite, quando estou dormindo. Então, como que empurrado me acordo e o procuro. Eu não o vejo, mas sei que ele está lá, puxando minhas cobertas e esperando pacientemente até que eu fale com ele. Ele espera que eu o convide a entrar na minha cabeça. E eu deixo. O amigo se contorce lá dentro e eu, com um pouco de medo, agarrado ao seu dorso de golfinho o vejo cavalgar em todos os oceanos da minha memória. E ele me desafia, e me tenta. O amigo é perverso às vezes.

Quando acordo é manhã. Nada mais resta na minha lembrança. Só o amigo, o outro, distante ainda me aguarda, para além de um enorme oceano. Olho o céu. Nunca o vi tão azul. Sorrio, findam-se as fantasias e espero, mais tranquilo, a chegada da nova madrugada.


Dia 11 - Esquecendo




Hoje esqueci de pensar nas coisas que me afligiam. Sonhei com elas. Os problemas às vezes são insistentes! Às vezes pareço um desocupado na net. Noutras vezes meu tempo quase não dá pra fazer metade do que eu quero!

Voltando ontem pra casa percebi o quão abençoado sou: faço Direito, tenho muitos amigos, conheci mais lugares do que a maioria das pessoas da minha família, mas não consigo tirar da minha cabeça um sentimento de imperfeição. Quando me perguntam por que escrevi esse diário paralelo ao blog, é porque, de certa forma, dele decantam as coisas que estão lá fora, mas posso me debruçar mais intimamente sobre meus sentimentos. Sinto falta de conexão decente à internet, assim, poderia escrever mais.

Muitos dos meus amigos acham bichisse escrever blog. Mais bichisse ainda escrever poesia. Bichisse ao quadrado escrever poesia num diário dentro de um blog. Cansei de buscar aceitação às custas de muito sentimento reprimido. Prefiro escrever, pois, se falasse certas verdades, certamente muitos dos que me escutariam se afastariam de mim. O sentimento maior é o de que o mundo nunca estará preparado pra mim. Novos posts virão, e as sensações são sempre as mesmas.

PS: A foto acima é da cidade de Floresta (PE), mais especificamente um posto, onde recalchutamos os pneus de um caminhão enorme, o qual me serviu de carona - e metáfora, até chegar à minha casa.


Dia 10 - "Onironauta"


"Navegar é preciso, viver não é preciso". - Fernando Pessoa
Às vezes nas aulas faço barcos de papel. Desenho no papel, depois, pacientemente vou caminhando em cada dobra, imprimindo marcas, dando formas e finalmente vejo terminado o barquinho. O que me importa, ao final, nem é o que se faz - o barco, mas o trabalho, o labor e a abstração que ele representa. Lembro que os japoneses (ou chineses, não tenho certeza) costumam fazer gansos de papel para alcançarem desejos. Acho que os barquinhos são os meus gansos de papel...

Às vezes, quando acordo a noite, penso se todo mundo não tem também uma porta de escape para seus problemas como eu com os barcos... fico nisso por tanto tempo que termino dormindo de novo - e quase sempre sonho. No dia seguinte, até que eu me volte ao eterno fazer de barcos, não me vêm estes pensamentos à cabeça. Talvez porque a minha mente já se tenha evadido numa das muitas embarcações que povoam os meus sonhos.


Dia 9 - Notícias que vêm e que vão


Toda estrada de lugar nenhum é sempre a estrada para algum lugar. Apenas aponte o nariz para onde o coração manda e siga. Lá estará aquilo que você espera.

Procuro não me importar muito com o que já passou. Não olho pra trás e pronto. As pessoas e coisas que atravessam os rios das nossas vidas nem sempre precisam ser lembradas - ou sequer querem sê-lo. Ando vagando demais pelo mundo pra pensar na essência deste questionamento. Não sei exatamente por que, mas senti vontade de falar sobre isso - e só. Hoje notícias de longe me atravessaram a cabeça, outras de nem tão distante também. Esqueci mais uma vez algumas pessoas. Eu sempre faço isso. Será que elas me esquecem também?...

Dia 8 - Justiças



Fechando mais um ciclo na minha vida e o sentimento é de exaustão. Muitas das coisas que são cobradas da gente simplesmente poderiam ser amenizadas se houvesse, pelo menos, uma preocupação com o nosso psicológico. E o meu é uma eterna inconstância, o que por um lado é bom, pois me permite produzir bastante, por outro lado, não me apetece a ideia de ficar constantemente espremido entre necessidades reais e necessidades impostas. Quase chegando o sossego do recesso e eu só tenho mesmo vontade de sair de mim, viajar, esquecer um monte de coisas. Tenho sonhado bastante. Todos os meus sonhos têm simbolismos claros pra mim, mas ultimamente eu tenho me assustado com o estranho de suas manifestações - o que é comum, haja vista que são só sonhos.

Estou buscando esquecer a contagem do tempo porque isso só aumenta a minha ansiedade. Acho que vou me preparar para algo maior, haja vista que os tempos vindouros prometem. Ando precisando de muita atenção. Estou preocupado com alguns amigos também. M|as o que se pode fazer quando, mesmo ao lado, conseguimos nos sentir tão distante destas pessoas que escolhemos amar?...

Dia 7 - E os dias vão



Passam os dias aqui em Paulo Afonso e a impressão que eu tenho é de que a cidade não tem me favorecido. Sob muitos aspectos, seria interessante pontuar que tenho me realizado em muitos sentidos, mas em outros, os aspectos mais subliminares, eu não consigo, simplesmente -e só. Espero - com o passar dos dias e das novidades que eles me trazem, as coisas tendam a caminhar, menos do ócio à alguma atitude - qualquer, que me ponha em movmento. Sétimo dia deste diário irregular sob o signo da angústia. E ponto.

Dia 6 - Como os gatos na minha parede



Me preocupo muito com o futuro. ele nem chegou ainda e sua pretensa presença já me incomoda bastante. O futuro para uns é inimigo. Para outros é amigo... mas para a grande maioria, como eu, é apenas estranho. As pessoas me dizem que preciso mudar meu futuro. Quem dera! Não consigo mudar quase nada em mim, talvez o futuro seja assim também.

Mas não sou pessimista, não. Acho que as pessoas sempre podem mudar as coisas que desejam. Sinceramente acredito apenas que não chegou a minha hora. Acredito até que a vida tem me dado umas molezas. Sou inteligente (dizem) não me meto em confusões e quando estou numa pior, mesmo que seja grave, sempre aparece um anjo salvador para me acudir.

Me deito muito e tenho muito sono. Isso é porque meu ascendente deve ser um gato. Eles existem na minha casa aos montes e me procuram como velhos visitantes de longe. Me sinto muito bem com isso. Os gatos da minha casa são multicoloridos e honestos, assim como têm carinhas muito diletas também. Acho que daqui a pouco tempo retorno às aulas em Paulo Afonso, na Bahia, então, verei eles cada vez menos até ter férias ou alguma coisa parecido. Fica registrado aqui duas coisas: meu anseio pelo futuro, ainda que estranho, e as saudades dos meus bichos, ainda que eles sejam de outros.

Dia 5 - Adoro chuva

Hoje mais cedo quando eu pensava que o dia já estava perdido, felizmente encontrei um arco-íris na chuva. É por isso que eu curto horrores a chuva. Em todos os aspectos chuva no sertão é tudo de bom. Decidi guardar uma foto para que vocês conhecessem a minha cidade num dos seus melhores dias. Dias de chuva...


Nessa eu queria mostrar o contraste do azul do fim da tarde com a chuva que vinha, a oeste, o sol tava terminando de se colocar atrás da serra local, e fez com que ficasse tudo cinza. É lindo esse horário aqui, principalmente porque a cidade fica toda ensombreada e com uma temperatura ótima pra bater aquele papo com os amigos na calçada (e na praça, quando o prefeito resolver terminar).


Na foto anterior ainda tinha o pequeno arco-íris que eu vi, mas essa mostra como a chuva estava já mais perto da cidade. pena que o vento afastou-a daqui. Estava mesmo querendo por os olhos em cima da uma boa chuvinha na terrinha!

Dia 4 - Cuscuz, leite e um dia feliz!






Quase fim de férias e retorno à minha principal atividade na vida: Estudar. Dia cheio, como sempre, mas cheio também o é de boas surpresas. Assim são os dias para quem sabe aproveitá-los (nem sempre esse sou eu). Folga na correria, mais força pro meu retorno.


Retorno brevemente à Paulo Afonso. Promessa de dias iguais.


Dia 3 – infinita High Way

Tô melhor hoje. Pensei as coisas direito. Sou um péssimo administrador de conflitos, além de ter uma pontinha de esquizofrenia, acredito. Finalmente resolvi colocar um ponto final numas questões pendentes no plano profissional aqui nesta cidade. De qualquer forma, já estava em Petrolina, mesmo, não ia me adiantar em nada ficar preso à universidade, por mais que eu goste do ambiente. Aliás, há de se convir que, ao contrário do que eu pensava, a UPE anda sim, muito animada. De qualquer forma, tenho de aceitar que aquele mundo não me pertence mais.
Ontem estive em ruas suspeitas aqui. Pena que não deu pra tirar nenhuma foto (as meninas são meio violentas, sabe?), mas curti bastante minha incursão. Não sei se eu tenho a mentalidade muito avançada ou realmente Petrolina é o lugar de mentalidade mais camponesa do mundo. Além de meia dúzia de xingamentos destinados a um grupo de travestis, não vi nada. Nem uma cena de sexo em público – momentos entediantes.
Realmente, Petrolina não é uma cidade tão cosmopolita como eu pensava. Acho que se eu ganhar na loteria um dia, preciso ensinar um pouco de devassidão pra essa gente.
A propósito, meu ego sarou. Acho que entendi umas coisas que não andavam ajustadas – coisas de quem se importa com o próximo, fazer o que? Ainda sou uma pessoa boa...

Dia 2 - Overdose de nada

Beiçola: Esse cabelinho já fez a alegria de muita idosa por aí...


Não estou muito bem hoje. Retornei ao ponto inicial de onde dei a partida nesse diário. Incrível como a UPE fica a cada dia menos interessante, meu Deus! Hoje vim com a minha mãe à Petrolina. Pelo menos ela não pôs o cabelo do Beiçola da Grande Família (ela tinha esse hábito há bem pouco tempo). As estradas estão horríveis e o tempo seco, o que contrasta com o tempo de ontem. Tô com uma dor enorme no ego, acho que me feri... de qualquer forma, precisamos seguir adiante. Retorno ainda hoje à casa. Sem foto original, divirtam-se com o Beiçola...


PS: Nem tudo é drama nessa jornada, o Círio (preste atenção nesse nome) tá aí na área com um som incrível, Tão Só é sua primeira música. Com certeza vale um clique, porque logo, logo ela vai estourar. Acessem!



Dia 1 - No princípio Deus criou os céus e a terra...



Um desafeto de sempre me importunando e eu fazendo esse blog acontecer. Fazer o quê? Coisas do destino, como sempre. Mas acontecem e eu passo por cima...

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